PROXECTO EPÍSTOLAS

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2 MENCIóNS A Mario de Andrade (1893-1945)

Poeta, novelista, ensaísta e musicólogo, un dos membros fundadores do modernismo brasileño.
Epístolas
Mencionado/a [2]
Data Relación Remitente - Destinatario Orixe Destino [ O. ] [ T. ]
Data Relación Remitente - Destinatario Orixe Destino [ O. ] [ T. ]
1945-07-11 Mencionado/a
Carta de Rocha a Freitas e Seoane. 1945
Rio de Janeiro
Bos Aires
Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Rocha a Freitas e Seoane. 1945 en 11/07/1945


Río, 11-7-45

Meu caro Newton Freitas1

Somente agora resolvi escrever-lhe. Há muito penso nisto, acredite. Mas esperava que fossem publicados os dois trabalhos que remeti, e que viesse de você alguma conversa ao respeito. Uma explicação de como deveria realmente ser feito.
Ante-ontem recebi três números do Correo. Bons, e darei uma notícia delas, especialmente do que traz as homenagens ao nosso imenso Mário de Andrade. Vou transcrever um trecho do artigo daquele cidadão que fala na carta que Mário mandou a você, e a censura “colheu”. Darei todas as notícias de edições novas daí. Mando depois exemplares de revista pra você mostrar aos editores e se interessar em que eles me mandem os livros.
Não sei se o trabalho que mandei está bem feito. Se é assim mesmo que deve ser. Me escreva indicando o que você acha que eu deva fazer. Quanto ao noticiário no Panorama literario do Vamos ler, dos livros argentinos, seria bom que isso interessasse aos editores daí. Enfim, acredito que você fará o que possa, pra que tudo caminhe direitinho.
Me interessei em publicar um capítulo do seu livro de ensaios, na revista. Como lhe prometi, era intenção minha, logo saísse o livro, fazer uma crónica pra sair com seu retrato. Falei como o Chico Barbosa sobre o assunto, lhe disse que você esperava meu artigo, etc. Garantiu-me o Chico que me mandaria o livro. Porém até hoje, dia 11 do mês de julho do ano 1945! Tenho pensado em ir a livraria e comprar o livro, você merece o gasto. Mas o medo de chegar o da editora, me tem feito adiar. Acabo comprando se o Barbosa não me mandar. Não o tenho encontrado. Se isso acontece, falo a ele. Acho que não fizeram uma distribuição que permitisse uma boa publicidade. O Zelio é horrível nesse negócio de desinteresse pelas edições. Nem sei como ele manda os livros para os livreiros. Gostaria que o freguês fosse directamente à editora Zelio Valverde comprar o último livro. Edita mal e distribui mal. Agora pergunto, como faria o Mário de Andrade: “Que é que se há de fazer?”. Ainda não entendo como você entregou seu livro àquela gente. Enfim, a capa está interessante, o que indica ter sido “ideia” sua, e não do editor.
Vai este trabalho, Newton: uma crónica sobre o nosso muito doido Rubem Braga, e as noticiasinhas de algum interesse. Tudo aqui é política. Ou quase tudo. Falta você pra “orientar”. Mande umas palavrinhas.

Manda um grande abraço pra você o

Hildon Rocha

1 Carta de Hildon Rocha a Newton Freitas que posteriormente foi remitida a Luis Seoane, pero non sabemos data certa de reenvío.

1978-08-16 Mencionado/a
Carta de Rodrigues Lapa a Paz Andrade. 1978
Anadia
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Rodrigues Lapa a Paz Andrade. 1978 en 16/08/1978

Anadia, 16/8/78


Meu bom e prezado Amigo

Recebi o rico presente que é o seu livro, A galecidade na obra de Guimarães Rosa, que do coração lhe agradeço. Já o percorri ao de leve; vou lê-lo a fundo, com o maior interesse, e depois lhe direi a minha opinião. Para já, posso adiantar algumas considerações de ordem geral.
O grande escritor mineiro representa efectivamente a velha raiz galego-portuguesa, fundamentalmente implantada em Minas Gerais e ainda vigorosa na fala, nos costumes e no temperamento do homem do sertão (o mineiro é considerado, em defeitos e virtudes, o galego do Brasil). Com essa cultura e esse linguajar construiu Rosa os seus livros. Mas não tenhamos ilusões: não é com essa «estenografia literária» que se faz literatura. Quanto a mim e outros mais, a obra pioneira e revolucionária de um Mário de Andrade (Macunaíma) e de um Guimarães Rosa ficará como um exemplo curioso das audácias e desmesuras a que pode levar a escrita manejada por grandes escritores populistas. Ficará apenas como um documento linguístico, um exercício, por vezes genial, de estilo.
A língua literária não é isso, é justamente o contrário: superação, criteriosa e artística, da língua oral. Este principio, formulado por Bally, o fundador da Estilística moderna, foi aplicado por mim a um seu conterrâneo e meu amigo, o R. Otero Pedrayo, uma espécie de Guimarães Rosa sem genialidade nem sertão. E foi um desastre, como viu. Voltaremos a encontrar-nos e falaremos sobre esta matéria, pois ainda há muito que dizer.
Um abraço cordial e agradecido do seu velho amigo,

Manuel Rodrigues Lapa