PROXECTO EPÍSTOLAS

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LOCALIZACIóN: Rio de Janeiro

Epístolas
18 mencións
Data Relación Remitente - Destinatario Orixe Destino [ O. ] [ T. ]
Data Relación Remitente - Destinatario Orixe Destino [ O. ] [ T. ]
1945-07-11
Carta de Rocha a Freitas e Seoane. 1945
Rio de Janeiro
Bos Aires
Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Rocha a Freitas e Seoane. 1945 en 11/07/1945


Río, 11-7-45

Meu caro Newton Freitas1

Somente agora resolvi escrever-lhe. Há muito penso nisto, acredite. Mas esperava que fossem publicados os dois trabalhos que remeti, e que viesse de você alguma conversa ao respeito. Uma explicação de como deveria realmente ser feito.
Ante-ontem recebi três números do Correo. Bons, e darei uma notícia delas, especialmente do que traz as homenagens ao nosso imenso Mário de Andrade. Vou transcrever um trecho do artigo daquele cidadão que fala na carta que Mário mandou a você, e a censura “colheu”. Darei todas as notícias de edições novas daí. Mando depois exemplares de revista pra você mostrar aos editores e se interessar em que eles me mandem os livros.
Não sei se o trabalho que mandei está bem feito. Se é assim mesmo que deve ser. Me escreva indicando o que você acha que eu deva fazer. Quanto ao noticiário no Panorama literario do Vamos ler, dos livros argentinos, seria bom que isso interessasse aos editores daí. Enfim, acredito que você fará o que possa, pra que tudo caminhe direitinho.
Me interessei em publicar um capítulo do seu livro de ensaios, na revista. Como lhe prometi, era intenção minha, logo saísse o livro, fazer uma crónica pra sair com seu retrato. Falei como o Chico Barbosa sobre o assunto, lhe disse que você esperava meu artigo, etc. Garantiu-me o Chico que me mandaria o livro. Porém até hoje, dia 11 do mês de julho do ano 1945! Tenho pensado em ir a livraria e comprar o livro, você merece o gasto. Mas o medo de chegar o da editora, me tem feito adiar. Acabo comprando se o Barbosa não me mandar. Não o tenho encontrado. Se isso acontece, falo a ele. Acho que não fizeram uma distribuição que permitisse uma boa publicidade. O Zelio é horrível nesse negócio de desinteresse pelas edições. Nem sei como ele manda os livros para os livreiros. Gostaria que o freguês fosse directamente à editora Zelio Valverde comprar o último livro. Edita mal e distribui mal. Agora pergunto, como faria o Mário de Andrade: “Que é que se há de fazer?”. Ainda não entendo como você entregou seu livro àquela gente. Enfim, a capa está interessante, o que indica ter sido “ideia” sua, e não do editor.
Vai este trabalho, Newton: uma crónica sobre o nosso muito doido Rubem Braga, e as noticiasinhas de algum interesse. Tudo aqui é política. Ou quase tudo. Falta você pra “orientar”. Mande umas palavrinhas.

Manda um grande abraço pra você o

Hildon Rocha

1 Carta de Hildon Rocha a Newton Freitas que posteriormente foi remitida a Luis Seoane, pero non sabemos data certa de reenvío.

1947-04-26
Carta de Otero Pedrayo a Fraguas
Orixinal
1961-05-06
Carta de Whitelow a Seoane. 1961
Rio de Janeiro
Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Whitelow a Seoane. 1961 en 06/05/1961


Rio de Janeiro, 6 de mayo de 1961

Querido Luis:

Hace muchísimo tiempo quería escribirte, pero, como suele suceder, uno va postergando para el día siguiente la carta, y así va pasando el tiempo, hasta que de pronto nos damos cuenta de que hay años de por medio. No sé si actualmente estás preparando el nuevo viaje a Europa. Cuando estuve en Buenos Aires, fugazmente, y parte de esas semanas enfermo, me informaron que llevarías una exposición a Suiza. ¿Cómo va todo eso? Siento tanto no haber charlado contigo después de tu viaje, que sospecho lleno de experiencia interesantísimas no sólo vitales, sino también plásticas. Oswaldito me informa que no tienes obras nuevas para enviar a Río, a la exposición que organizó Muñiz en el Museu de Arte Moderna, de modo que enviaré tres de las que aquí están. Yo pensé que al regresar tú de Europa pasarías por Río. Ahora, hasta vernos, habrá que esperar una coincidencia más feliz. Por aquí, aún no comenzamos la temporada, pues Bonino demoróse más de lo previsto en Europa. De modo que las actividades sólo comenzarán a fin de mes. Por allá, sé que han comenzado con Felipe Noé. ¿Cómo será eso?
Durante mi estada en Río, escribí un libro de poemas, que llamé Cuaderno de Exiliado. El original consta de 104 poemas, que reduje a la mitad, y envié al concurso de la Sade y Fondo de las Artes. Llegaron tarde, según me informa Manucho, y él los llevó a la Edición Sudamericana para ver si allí los publican. Veremos qué pasa.
Y tu producción literaria, ¿cómo va? ¿Has escrito algo nuevo? ¿Teatro, poesía? ¿Cómo está Buenos Aires? Yo la extraño mucho, a pesar de todas las atracciones cariocas.
Junto a ésta, te envío tu currículum para que lo pongas al día, pues el embajador Muñiz lo pidió con urgencia para el catálogo. En cuanto lo completes, por favor, envíamelo aquí.

Recibe un cariñoso abrazo, y saludos para la simpática Maruja. Hasta pronto.

Billy

1961-05-12
Carta de Seoane a Whitelow. 1961
Bos Aires
Rio de Janeiro
Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Seoane a Whitelow. 1961 en 12/05/1961

Buenos Aires, 12 de mayo de 1961

Sr. Billy Whitelow
Río de Janeiro

Querido Billy:

Hubiese querido verte cuando estuviste en Buenos Aires, me hubiese gustado mucho hablar contigo. Hablarte de mi viaje a Europa y de toda el ansia de volver que siento. ¿Por qué le niega a uno el destino la posibilidad de vivir algunos años en esa maravillosa ciudad que se llama Venecia, que uno, sólo con pisarla, puede querer más que a cualquiera otra ciudad del mundo? Hubiese querido hablar contigo de Europa, de Venecia sobre todo y de Basilea donde estuve algunos meses y a la que se quiere también para siempre. En una y otra ciudad, bien distintas una de la otra, viví muchas vidas pasadas que en ellas se hicieron plenas o se consumieron. Vi las naves que salieron de Venecia para aplastar al turco en Lepanto, y al Ticiano, muy viejo, orgulloso de su arte, acercarse en góndola a un palacio de rosa y oro a pintar a una suave doncella dorada de carnes y cabellos. Viví los días de Paracelso y Holbein en la Basilea vieja. Paracelso salía taciturno del sótano repleto de retortas misteriosas en las que hervía el mercurio y la piedra filosofal, de una casa que tenía en la fachada la imagen esculpida de un peregrino a Santiago y, a los pies, una fecha del siglo XIII. Ayudé a policromar el gaitero de la fuente de Holbein y a los campesinos que danzan de la columna. Asistí a alguna conferencia de Erasmo, sin entenderlo demasiado, como me ocurre ahora, siglos después, con Jaspers, seguramente porque, tanto a éste como a aquel, les faltó decisión par sostener la teoría con la propia acción. Entiendo, en cambio, muy bien, la danza de la muerte medieval y el Ecce Homo de Nietzsche. Pero no quiero fantasear. Me hubiese gustado decirte que continúa gustándome mucha de la pintura de los museos y todo lo que está bien hecho y pensado.
No escribí nada nuevo. Tengo algunos proyectos. Una nueva obra de teatro, apuntes sobre Suiza que no sé qué hacer con ellos. Grabé mucho en madera. Tengo unos treinta grandes grabados que hice este verano y pinto murales. Buenos Aires está muy bien para quien estima su pasado y sueña su porvenir. No debemos contemplarla en presente como a ninguna ciudad que se modifica todos los días. Te envío el currículum de vuelta con unos ligeros añadidos que los intercaláis si queréis.
Espero leer tu Cuaderno de exilado, estoy seguro que ha de ser un gran libro, todos los poemas que conozco tuyos lo anuncian.

Un saludo de Maruja y un gran abrazo mío:

[Seoane]

1974-10-21
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1974
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1974 en 21/10/1974

[Rio de Janeiro] 21.10.74



Prezado Amigo Dr. Valentín Paz-Andrade,


Escrevo-lhe apenas para saber se chegaram às suas mãos

1) a cópia do meu artigo «A fecunda Babel de Guimarães Rosa» e
2) a cópia de «Pequena palavra», que Guimarães Rosa escreveu para prefaciar a minha Antologia do Conto Húngaro

Ambas remetidas por intermédio do Sr. Ignacio Areal Gerpe. Se chegaram, chegaram em tempo para a sua projetada conferência?

Aproveito a oportunidade para reiterar-lhe os protestos da minha sincera estima.


Paulo Rónai

1974-11-08
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1974
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1974 en 08/11/1974

Rio de Janeiro, 8 de novembro de 1974



Ilustre Amigo Dr. Valentín Paz-Andrade,

Chegaram-me no mesmo dias suas duas amáveis cartas de 21 e de 30 de outubro. Elas me deram muita alegria não só por trazerem boas noticias do Amigo, como também por serem as primeiras cartas em galego que recebi em minha vida.
Li com compreensível satisfação as suas apreciações generosas acerca da Seleta e aguardo com o mais vivo interesse os comentários que me promete acerca de certas interpretações minhas. Suas observações e discordâncias serão de grande proveito, inclusive no preparo de uma eventual segunda edição.
Gostei de saber que recebera as cópias do Prefácio de G.R. á Antologia do Conto Húngaro e do meu artigo sobre os estrangeirismos na obra dele; que o Senhor não se esquecera da minha sugestão de traduzir um dia «A terceira margem do Rio»; e que o seu discurso de posse está-se avolumando, tomando proporções de livro.
Comunique-me as suas dúvidas acerca da cronologia da vida de Guimarães Rosa; tentarei resolvê-las.
Quanto à primeira esposa do escritor, posso informá-lo de que ela vive ainda e reside no Rio, casada em segunda núpcias. Não a conheço. (Quando conheci João Guimarães Rosa em 1945, ele já vivia há anos coma a segunda esposa, D. Aracy.) D. Vilma poderá dar-lhe, sem dúvida, informações sobre a família da mãe.
Desde já agradeço-lhe os livros cuja remessa me anuncia: os seus dois volumes, que permitirão aprofundar o nosso conhecimento, e o de Valle-Inclán, que, depois de suas referências, aguardo com viva curiosidade.
Queira aceitar as lembranças mais cordiais do admirador e amigo


Paulo Rónai

1974-12-08
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1974
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1974 en 08/12/1974

Rio de Janeiro, 8 de dezembro de 1974



Caro Amigo Valentín Paz-Andrade,

Acabo de receber a sua gentil e valiosa remessa.
Ao percorrer maravilhado os poemas de Sementeira do vento, tive a revelação visual de um poeta autêntico e de uma nova língua, que me deu o desejo de um dia ouvir os seus versos ditos pela sua voz.
Obrigado também pelo seu estudo La Anunciación de Valle-Inclán e pelo exemplar de Tirano Banderas, que serão leituras minhas nas próximas férias de verão.
Queira aceitar, com minhas melhores lembranças, meus votos cordiais de feliz Natal e Ano Bom, extensivos aos que lhe são caros.


Paulo Rónai

1975-04-27
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1975
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1975 en 27/04/1975

Rio de Janeiro, 27 de abril de 1975



Ilustre Amigo Valentín Paz-Andrade,

Acabo de receber a sua carta amiga de 26 de março, acompanhada de dois presentes valiosos: a bela edição pentalingue de seu Pranto Matricial e a substanciosa coletânea de estudos do Círculo das Artes sobre O Futuro da Língua Galega.
Sinto no seu poema um lamento pungente pelo amigo perdido, mas também o pranto torrencial de toda uma nação sobre o poeta que a encarnava, ao mesmo tempo que vejo nele um afresco de grande força patética e pictórica de todo um país, essa Galicia que não conheço mas que já começo a adivinhar e a amar... E é uma festa para o filólogo amador que sou ver o seu texto ecoado em mais quatro idiomas ibéricos.
Quanto ao volume de ensaios, ele me faz compreender melhor o problema da língua galega dentro do contexto espanhol. O estudo do Amigo sobre a evolução transcontinental da língua galaico-portuguesa constitui uma argumentação lúcida em favor do bilingüismo, ao mesmo tempo que uma convincente afirmação de identidade fundamental do português e do galego. O simples fato de que um leigo como eu entende, sem dicionário, 90 por cento do seu estudo e dos demais que compõem o volume é uma prova do acerto de suas alegações.
Tomo a liberdade de remeter-lhe em anexo um dos meus últimos artigos cujo assunto há de interessá-lo e, reiterando os meus agradecimentos, subscrevo-me com cordial estima.
Seu amigo e leitor,



Paulo Rónai

1976-12-20
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1976
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1976 en 20/12/1976

Rio de Janeiro, 20.12.1976



Ao Ilustre Amigo,

Dr. Valentin Paz-Andrade agradeço de todo coração e retribuo afetuosamente os amáveis votos de Feliz Natal e Ano Bom.



Paulo Rónai

1977-09-14
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1977
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1977 en 14/09/1977

Rio de Janeiro, 14 de setembro de 1977



Caro Amigo Valentín Paz-Andrade,

Recebi e agradeço a sua gentilíssima carta de 8 de setembro. Em primeiro lugar quero dar-lhe, e ainda mais a seus eleitores, meus sinceros parabéns pela sua eleição para o Senado. Mais um cargo de grande responsabilidade que o ilustre Amigo aceita e para cujo desempenho lhe desejo saúde e força. Quero esperar, porém, que ele deixe um tempinho para a sua atividade literária, de tão alta significação nacional.
Gostei de saber que o Senhor recebeu a tradução brasileira de Tirano Banderas.
Tomo a liberdade de comunicar-lhe que em outubro e começo de novembro estarei na Europa, onde vou tomar parte num congresso internacional de poesia (na Hungria) e dar conferências nas universidades de Budapest, Bonn, Paris, Rennes e Madrid. Nesta última cidade, falarei sobre tradução aos alunos da Faculdade de Letras no dia 3 de novembro. Gostaria muito de encontrar o Amigo durante a minha permanência na Espanha. Caso haja possibilidade, poderia fazer uma palestra sobre o nosso Guimarães Rosa para um auditório galego. Diga-me o que pensa da idéia. Deverei partir do Rio dia 4 ou 5 de outubro: ficaria satisfeito de receber uma palavra sua antes.
Queira aceitar, com agradecimentos adiantados, os abraços mais cordiais do admirador e amigo



Paulo Rónai

1977-09-28
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1977
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1977 en 28/09/1977

Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1977


Caríssimo Amigo Valentín Paz-Andrade,

Recebi e agradeço a sua gentilíssima carta e respondo imediatamente.
Partirei do Rio pelo voo nº 750 de Varig no dia 7 de outubro às 22 h 30; segundo as informações aqui recebidas deverei chegar a Madri no dia 8 às 12 h 30. De Madri deverei repartir no mesmo dia 8 às 16 h 30 pelo voo 581 da Malev.
O programa da minha viagem modificou-se: terei de passar uma semana a mais em Budapest, e por isso voltarei a Madrid (em vez do dia 2) no dia 9 de novembro e minha conferência será dada no dia 10. Estarei disponível, para uma viagem a Vigo, de 12 a 15 de novembro.
Fiquei animadíssimo pelo seu gentilíssimo convite. Será para mim uma experiência extraordinária conhecer a Galiza levado pela sua mão. Terei um imenso prazer também em ir a Santiago de Compostela tanto pelo interesse da viagem quanto pelo da companhia.
Infelizmente já não me é possível elaborar um panorama da literatura brasileira porque nesta última semana do Rio estarei ocupado em mil afazeres burocráticos e outros relativos à viagem. Mas tentaria na conferência sobre Guimarães Rosa colocá-lo dentro de uma visão de conjunto da literatura brasileira moderna. Está bem?
Caso o querido Amigo prefira, poderia fazer uma palestra sobre «O problema da tradução (o que é traduzir?) ou outra sobre «Balzac nos Trópicos» sobre como foi realizada a edição brasileira da Comédia Humana. São palestras que vou fazer na Sorbonne e na Universidade de Rennes, que já estão prontas. Uma resposta sua poderá ainda encontrar-me aqui; mas peço-lhe o favor de me mandar ao mesmo tempo uma copia para o meu endereço na Hungria: Union des Ecrivains Hongrois, Bajza-utca 18, Budapest VI.
Na minha volta a Madrid poderei ser alcançado aos cuidados do Prof. Valentín García Yebra, Conde de Cartagena 5, 2º A, Madrid 7 (tel. 292-4826).
De acordo com a sua solicitação, aqui vai um Curriculum Vitae.


[Engadido a man:] Aceite meus agradecimentos mais calorosos e um abraço cordial de seu admirador e amigo



Paulo Rónai

1977-12-02
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1977
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1977 en 02/12/1977

Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1977



Caríssimo Amigo Valentín Paz-Andrade,


Eis-me afinal de volta ao Rio. De Lisboa, última etapa da minha viagem, mandei-lhe um cartão postal que espero tenha recebido.
Guardo da viagem uma multidão de recordações maravilhosas. Avultam entre elas as de Vigo e, em geral, as de Galícia, que hei de conservar com particular carinho. O Amigo tudo fez para que eu voltasse ao Brasil como um apaixonado da sua terra e conseguiu plenamente o seu intento. A nossa visita à Editora, a nossa ida aos dois promontórios de Vigo, o desembarque do pescado no porto, a visita aos Museus de Vigo e de Pontevedra, o passeio pelas ruas adoráveis de Santiago, pela catedral, pelo Hostal dos Reis Católicos, o almoço no restaurante El Asesino... tudo ficou gravado para sempre na minha memória.
Fiquei especialmente cativado pela gentileza de D. Pilar que, apesar de estar coma obras em casa, encontrou tanto tempo para mim e até assistiu à minha palestra.
Por tudo isso, mando-lhes uma vez mais os meus reiterados e sentidos agradecimentos.
Cheguei aqui bastante cansado e logo topei com o verão mais quente. De mais a mais, encontrei a minha mesa atapetada de correspondência acumulada na minha ausência. Por isso não pude, até agora, ir nenhuma vez à cidade, nem procurar o exemplar de Estas Estórias que me pediu. Ficará para a semana que vem.
Mas copiei o texto da minha conferência que, se bem me lembro, o Dr. Fernández del Riego pediu para publicação. Ei-lo à sua disposição.
Li atentamente o seu discurso de posse que, pelas suas amplas perspectivas, pela novidade de sua tese e pela sua extensa documentação supera de muito a maioria dos trabalhos análogos. Atendendo a seu pedido, fiz algumas observações à margem, retificando alguns pormenores sem maior importância. Vão também anexas à presente.
Afinal, sempre atendendo a seu honroso convite, tentei dizer, numa introdução a ser ante posta ao texto impresso do discurso, a forte impressão que ele me fez. Espero que o julgue aproveitável.
Resta-me apenas, já que o fim do ano se aproxima, desejar ao querido Amigo e à sua gentilíssima Senhora, um Natal muito feliz e um venturoso Ano Novo.

Paulo Rónai



[Endadido a man:]

Cara Amiga D. Pilar,

1978-03-06
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1978
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1978 en 06/03/1978

Rio de Janeiro, 6 de março de 1978



Caríssimo Amigo,

Ausente do Rio durante dois meses, passei o verão em nossa casinha de Nova Friburgo, para onde me levaram a sua amável carta de 7 de fevereiro. Não lhe respondi logo porque desejava remeter-lhe o recibo da encomenda em que lhe enviara o exemplar de Estas Estórias, e este encontrava-se no Rio. Aqui vai uma cópia xerox para permitir-lhe uma reclamação eventual junto ao correio.
Não me admira, aliás, que em princípio de fevereiro esse livro ainda não lhe tenha chegado as mãos. Pois um pacote de livros que eu mesmo expedi em Madri em 20 de novembro só me chegou aqui em fins de fevereiro, isto é, mais de três meses depois. A «meia greve dos carteiros» deve ter contribuído para isso.
Antes da sua carta de 7 de fevereiro tinha recebido a sua gentilíssima resposta à minha carta de 2 de dezembro, e na qual me agradecia pelo prefácio ao seu discurso de posse. Na verdade, sou eu que lhe devo agradecimentos pela ocasião que me forneceu de pagar a dívida de gratidão de todos os amigos brasileiros de Guimarães Rosa ao seu exegeta galego.
Neste interim, deve ter-se realizado a sua posse na Academia Galega: espero que tenha tido todo o êxito merecido. Gostaria muito de ler, oportunamente, o discurso de recepção de Alvaro Cunqueiro, lido pelo Dr. Fernández del Riego.
Como vão de saúde o Senhor e D. Pilar? O inverno da Galiza foi rigoroso? A nossa canícula aqui foi muito dura; depois de dois meses frescos na montanha ainda não consegui habituar-me de novo ao calor abafado e pegajoso do Rio.
Penso muito nos Senhores e na temporada esplêndida que passei em Vigo. Pareceria um sonho se não tivesse comigo a preciosa documentação impressa que de lá trouxe graças à sua gentileza e à do Dr. Riego (a quem mando as lembranças mais cordiais). Folheando-a procuro conhecer melhor uma terra que me conquistou para sempre.
Queiram aceitar minhas saudações afetuosas.




Paulo Rónai

1978-05-31
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1978
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1978 en 31/05/1978

Rio de Janeiro, 31 de maio de 1978



Querido Amigo Valentín Paz-Andrade,

Agradeço-lhe ao mesmo tempo a sua carta de 10 de abril de Vigo e o belo cartão de Veneza. Ambos me despertaram fundas saudades por virem de lugares caros a meu coração.
Fiquei satisfeito de saber que recebeu a minha remessa dos livros de Guimarães Rosa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Carlos Drummond de Andrade.
Estou esperando com impaciência o seu livro A Galecidade na obra de Guimarães Rosa. Atendendo a seu pedido, aqui vão os endereços de alguns escritores e críticos merecedores de um exemplar. Mas seria interessante, antes de mais nada, o Amigo remeter um exemplar à Viúva de Guimarães Rosa, D. Aracy (R. Francisco Otaviano, 35, 5º and., Copacabana) e ao nosso comum amigo José Olympio Pereira Filho (R. Marquês de Olinda 12).

Eis a relação pedida:
Rio de Janeiro
Alceu Amoroso Lima, R. Paissandu 200. ap. 701 (Flamengo)
Antônio Houaiss, Av. Epitácio Pessoa 4560, ap. 1302 (Lagoa)
Cyro dos Anjos, R. Domingos Ferreira 242, ap. 302 (Copacabana)
Josué Montello, Av. Atlântica 3018, ap. 902 (Copacabana)
Octavio de Faria, Praia de Botafogo 28, ap. 701 (Botafogo)
Odylo Costa Filho, Av. Rui Barbosa 430, 2º and. (Flamengo)
R. Magalhães Junior, R. Marechal Mascarenhas de Moraes 100, ap. 701 (Cop.)
Gilberto Mendonça Teles, R. Pompeu Loureiero 36, ap. 802 (Copacabana)

São Paulo
Alfredo Bosi 04358, Av. Horácio Lafer 803

Uberaba (MG)
Mário Palmério, Av. Guilherme Ferreira 217

Porto Alegre (RGS)
Guilhermino César, Av. Independência 779, ap. 1501

Respondendo à sua pergunta, informo-o de que ainda não me chegou às mãos o número da revista Grial, que, segundo o Amigo me comunica, tinha publicado a minha palestra.
Para terminar esta carta, vou fazer-lhe mais um pedido.
Lendo aos poucos os volumes da preciosa coleção galega que devo a sua gentileza (no momento estou percorrendo o magnífico Diario de viagem de Castelao), verifico que precisaria de um dicionário galego (unilíngue, ou galego-espanhol ou galego-português). Posso pedir à sua inesgotável gentileza o obséquio de me arranjar um?
Queira aceitar, com meus agradecimentos antecipados, minhas lembranças mais cordiais e apresentar a D. Pilar os meus cumprimentos com um abraço de Nora

[Engadido a man:] Seu fiel amigo

Paulo Rónai

1978-08-13
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1978
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1978 en 13/08/1978

Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1978


Caro Amigo Valentín Paz-Andrade,

Acabo de receber o exemplar de A Galecidade na Obra de Guimarães Rosa, com a sua generosa dedicatória. Embora conhecesse o trabalho, foi uma nova emoção revê-lo em letra de forma. E é para mim motivo de profunda alegria ter o meu nome ligado a esse marco de Guimarães Rosa em terras galegas. Dou-lhe parabéns simultâneos pela posse na Academia e pela publicação do livro.
Li com interesse e satisfação o belo discurso de recepção do Dr. Alvaro Cunqueiro, que me revelou mais alguns aspectos da sua inesgotável atividade.
Guardarei o volume com afeto, como a lembrança mais valiosa da minha passagem pela Galiza.
Imagino que o Amigo quererá divulgar o trabalho no Brasil. Sugiro-lhe que, juntamente com o exemplar dedicado pessoalmente a José Olympio, remeta certo número de exemplares, no mínimo uma dúzia, a Livraria José Olympio, às mãos de Daniel Pereira, que os distribuirá a pesquisadores, estudiosos e bibliotecas. Por outro lado, queira remeter, para meu endereço, exemplares dedicados a nossos amigos comuns, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Carlos Drummond de Andrade, que entregarei com muito prazer.
Continuo pensando muito no Amigo, em D. Pilar e nos dias inesquecíveis passados em sua companhia –especialmente nessas últimas semanas, ao ler o grande romance da Pardo Bazán, Los pazos de Ulloa. Descobri com certa surpresa muitas analogias, entre a Galiza do fim do século XIX e a Hungria da mesma época.
Quando tiver um instante, dê-me notícias. A política tem-lhe deixado tempo para a advocacia? A advocacia para a literatura? e as três para viver, viajar, descansar?
Eu tenho tentado misturar trabalho e descanso, mas, para dizer a verdade, tenho trabalhado mais que descansado. No momento estou acabando o meu dicionário português-francés e, ao mesmo tempo, estou empenhado na compilação de uma Seleta de Aurélio Buarque de Holanda, semelhante à de Guimarães Rosa. Ultimamente dei conferências em cidades do Estado de São Paulo. Enquanto isto, estamos construindo uma biblioteca em anexo a nossa casinha de Nova Friburgo, para onde nos pretendemos retirar definitivamente em 1979 e onde espero poder recebê-lo em sua próxima volta ao Brasil.
Reiterando os meus agradecimentos, subscrevo-me com o carinho de sempre seu cada vez mais admirador e amigo


Paulo Rónai.

1978-10-08
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1978
Rio de Janeiro
Vigo
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1978 en 08/10/1978

Rio de Janeiro, 8 de outubro de 1978



Querido o Amigo,

Duas linhas apenas para dizer-lhe que recebi em tempo os exemplares destinados a Aurélio e a Carlos Drummond e os entreguei devidamente aos destinatários. Daniel Pereira disse-me que ele também recebera a sua remessa.
Como vão vocês? Espero que tudo lhes esteja correndo bem. Não projetam nenhuma viagem ao Brasil?
Nora e eu estamos algo melancólicos: nossa filha menor, Laura, a flautista, a que vivia conosco, embarca com uma bolsa de estudos para a Universidade de New York e vai passar um ou vários anos longe de nós. De resto vamos indo, Nora trabalhando na Faculdade e eu, mergulhado nas provas do Dicionário português-francés. Aceite um abraço afetuoso e meus respeitos para D. Pilar. Seu


P. Rónai.

1979-04-12
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1979
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1979 en 12/04/1979

Rio de Janeiro, 12 de abril de 1979



Caro Amigo Valentín Paz-Andrade,

Espero que estas linhas os encontrem com boa saúde, a você e a D. Pilar, sempre presentes em meu coração.
Nós aqui vamos indo e preparando ativamente a nossa mudança definitiva para Nova Friburgo, prevista para o mês de setembro deste ano.
Num estranho livro intitulado Voces femeninas de la Poesia Brasileña (de título espanhol, mas que contém também traduções em francês, inglês e árabe), de Adovaldo Fernandes Sampaio e publicado pela editora Oriente, de Goiânia, acabo de encontrar três traduções suas para o galego, de Bruna Lombardi.
Pergunto-lhe se recebeu essa publicação; em caso contrário, vou mandar-lhe o meu exemplar.
(Aqui entre nós, a julgar por esse e por outro livro da mesma autoria, o Sr. Adovaldo me parece um pouco desequilibrado e de duvidosa honestidade intelectual.)
Aceite um abraço cordial e as lembranças afetuosas de seu fiel



Paulo

1985-07-25
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1985
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1985 en 25/07/1985

Sítio Pois é, 25 de julho de 1985


Queridos Amigos Valentin e Maria del Pilar,

Recebi em tempo o seu amável cartão de 27 de maio, que muito agradeço. Ficamos contentes de saber que estão passando bem. Nós também vamos indo como Deus é servido. O Brasil é que não vai lá muito bem. O país ainda não se refez do trauma causado pela doença e a morte inesperadas do presidente Tancredo Neves, de quem todos esperavam uma melhoria da situação. O novo governo está enfrentando dificuldade enormes: inflação, desemprego, dívidas externas, falta de segurança, greves, etc. Torçam por nós.
Trouxe-lhes o cartão anexo do Nordeste, onde fui fazer algumas conferências, depois de ter passado com Nora uma temporada em Porto Alegre. Nesta cidade encontramos todo o rigor do inverno, ao passo que em Maceió fui recebido por um tempo idílico de verão. Parecia ter mudado de continente.
Fico satisfeito de saber que receberam o vol. VII de Mar de Histórias. Aurélio, cujo estado é estacionário, ainda conseguiu acabar comigo o vol. VIII, mas não tenho coragem de pedir-lhe o acabamento do IX.
Neste interim devem ter recebido meu Dicionário Universal de Citações, enviado em março, sobre o qual gostaria de saber a sua impressão. No momento estou descansando de trabalhos maiores, limitando-me a cuidar da reedição de alguns trabalhos antigos.
Minha filha mais velha, Cora, tem duas peças no cartaz de teatros do Rio; a menor, Laura, continua ativa no campo musical.
E assim vamos vivendo e envelhecendo devagar. Pensamos muito nos queridos amigos e lhes mandamos nossas atenciosas saudações



Paulo e Nora